Consumo em restaurantes recua 5,2% em maio, aponta índice
Desempenho deve-se a decorrência dos efeitos da inflação, que ofusca a recuperação do faturamento de restaurantes e pressiona o consumo em supermercados
28/07/2022
O consumo em restaurantes, bares, lanchonetes e padarias registrou queda de 5,2% no faturamento em maio comparado ao mesmo período de 2021, é o que apontam os índices divulgados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), em parceria com a Alelo, bandeira especializada em benefícios, incentivos e gestão de despesas corporativas. Os dados, que avaliam o desempenho dentro do cenário da pandemia e consideram a inflação no período (ou seja, são calculados em termos reais), mostram também uma regressão no valor gasto nos supermercados de 15% no faturamento no mês.
Os Índices de Consumo em Restaurantes (ICR) revelam ainda aumento de 8,5% na quantidade de vendas e queda de 7,1% no número de estabelecimentos que efetivaram pelo menos uma transação no mês de maio.
“Alguns fatores tendem a prejudicar o fluxo e faturamento dos restaurantes, como a alta nos preços de bens e serviços (inflação), mudanças permanentes nos hábitos e rotina de trabalho de consumidores, são exemplos que fazem parte da realidade dos brasileiros. Já no setor de supermercados, os números mostram que o segmento ainda sofre com essa conjuntura negativa e alcançou os piores resultados dos índices desde janeiro de 2022”, pontua Cesario Nakamura, presidente da Alelo.
Em relação aos Índices de Consumo em Supermercados (ICS), os dados de maio, apresentam resultados negativos, com destaque para a queda de 15,9% na quantidade de vendas e de 3,7% no número de estabelecimentos que realizou pelo menos uma transação - ambos em comparação com maio de 2021.
Panorama pré-pandemia dos indicadores
Quando analisadas as variações calculadas comparando 2022 com 2019, período pré-pandemia, os resultados do ICR de maio apuraram queda no consumo nos restaurantes: -29,6% no faturamento, -40,9% na quantidade de vendas e -7,3% no número de estabelecimentos que realizaram ao menos uma transação.
Ao analisar o comportamento de consumo em supermercados, de acordo com o ICS, observamos um avanço no faturamento de 6,4% e 7,9% no número de estabelecimentos que registraram ao menos uma transação, enquanto houve queda de 5,7% na quantidade de vendas.
Segundo os pesquisadores da Fipe, a leitura dos resultados apresenta um cenário desafiador para o consumo tanto para as redes de supermercados quanto em restaurantes. Uma vez que o período foi marcado positivamente apenas pelo aumento registrado no número de transações em restaurantes nos últimos 12 meses, é possível argumentar que as divergências são ocasionadas pela inflação, que tem sido responsável por ofuscar o desempenho desses estabelecimentos. Por outro lado, notamos um novo momento de consolidação de padrões comportamentais e níveis de gasto compatíveis com a nova realidade econômica dos brasileiros em 2022.
Vale destacar que os Índices de Consumo em Supermercados (ICS) acompanham as transações realizadas em estabelecimentos como supermercados, quitandas, mercearias, hortifrútis, sacolões, entre outros; e os Índices de Consumo em Restaurantes (ICR) apontam a evolução do consumo de refeições prontas em estabelecimentos como restaurantes, bares, lanchonetes, padarias, além de serviços de entrega (delivery) e retirada em balcão/para viagem (pick-up). Ambos são calculados com base nas operações realizadas a partir da utilização dos cartões Alelo Alimentação e Alelo Refeição, em todo território nacional.
Dados regionais
Em termos regionais, adotando como parâmetro a variação do valor gasto em restaurantes entre maio de 2019 (período pré-pandemia) e maio de 2022, é possível notar um maior impacto na região Nordeste (-37,0%). Entre as demais, a queda foi de: Norte (-31,8%), Centro-Oeste (-31,6%), Sudeste (-29,4%) e Sul (-27,5%).
Individualmente, as unidades federativas mais impactadas em maio foram: Ceará (-44,6%), Rio de Janeiro (-42,5%), Bahia (-41,8%), Amazonas (-37,4%), Maranhão (-36,6%), Distrito Federal (-36,1%) e Pernambuco (-34,3%).
Já entre as unidades com aumento e/ou quedas menos expressivas, destacaram-se:
Acre* (+53,7%), Roraima* (+20,9%), Alagoas*(+3,5%), Rondônia*(-3,5%), Sergipe*(-6,4%), Amapá* (-15,4%) e Mato Grosso do Sul (-15,5%). Além das unidades federativas citadas, vale mencionar o impacto sobre o consumo em: Rio Grande do Sul (-34,3%), Goiás (-30,8%), Pará (-29,6%), Mato Grosso (-29,5%) e Minas Gerais (-28,9%).
Metodologia dos índices
Todos os índices foram elaborados e depurados com base em critérios estatísticos para garantir a consistência e a interpretação dos resultados ao longo do tempo:
- Amostra: todos os índices são calculados a partir de dados diários de transações realizadas em estabelecimentos comerciais distribuídos por todo o território nacional, entre 1 de janeiro de 2018 e 31 de maio de 2022.
- Valores atípicos: para evitar oscilações nos índices decorrentes de eventuais entradas ou saídas de empregadores de grande porte na base de dados, observações associadas a empresas que se enquadram nesses critérios foram desconsideradas nos cálculos.
- Sazonalidade: foram adotados os seguintes procedimentos para mitigar a influência de fatores sazonais: (i) cálculo de média móvel de 7 dias (dados do dia observado e dos 6 dias anteriores a ele), eliminando assim os efeitos dos dias úteis e finais de semana sobre as séries; (ii) identificação e filtragem de fatores sazonais relacionados ao comportamento das séries em dias específicos dentro de cada mês (1º dia, 5º dia, 10º dia...), por conta do calendário de recarga e distribuição temporal do uso dos benefícios nos estabelecimentos no período.
- Inflação: os dados relativos ao consumo em valor foram deflacionados com base na variação mensal do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
- Influência de outros fatores: os impactos apresentados não excluem a influência de fatores, eventos e políticas coincidentes com a pandemia sobre o comportamento e hábitos de consumo da população ao longo do período de análise. Todavia, levando-se em conta o caráter inesperado das medidas restritivas instituídas a partir de março, na maior parte das grandes cidades, bem como o padrão comportamental dos índices nos anos precedentes, é possível relacionar as variações atípicas observadas no comportamento das séries à pandemia da Covid-19.
- Frequência: todos os índices são apresentados com frequência diária para todo o período disponível da amostra, tendo por referência inicial (base 100) a média diária em janeiro de 2018. Os impactos calculados estão disponíveis para todos os dias, quinzenas e meses de 2020, 2021 e 2022.
- Recorte geográfico: os impactos -- apresentados como percentuais de variação dos índices em relação à média observada em 2019 -- consideram os seguintes recortes: (i) média nacional (Brasil); (ii) Médias das 5 regiões (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste); (iii) Média dos 26 estados e Distrito Federal (27 unidades federativas).